Em primeiro lugar não pense que o marketing digital faz milagres.
Em segundo lugar lembre-se de que a comunicação na internet muda como as nuvens do céu. A mudança é muitas vezes súbita e causa outras modificações de comportamento.
Posso citar dois exemplos claros de tecnologias revolucionárias: O Orkut, que era um fenômeno e definhou em um ano e o Whats app que passou da inexistência à onipresença em muito pouco tempo.
Uma coisa é certa, haverá em 2020 algumas tecnologias vigentes que vão desequilibrar as eleições e qualquer candidato ou legenda tem que estar profundamente informado sobre como usá-las em seu favor.
Nas eleições de 2018 já assistimos as fake news e a militância espontânea torcendo os números das pesquisas da noite pro dia.
Bom, mas vamos ao que interessa!
Como usar o marketing político digital em 2020
Ouça os profissionais, eles compreendem o comportamento dos algoritmos e sua relação com os conteúdos que trafegam nas redes.
Uma das passagens mais chatas da minha vida profissional como estrategista digital político foi ter tentado convencer candidatos a ajustar o teor da campanha ao ambiente político predominante na região deles – pelo menos nos meios digitais-, e ter sido imediatamente expulso da campanha.
Lições aprendidas para eles e para mim. Eles não foram eleitos e eu não luto mais pra mudar a cabeça de ninguém, oriento apenas e alerto para os perigos da comunicação equivocada.
Partindo das lições, o que se deve construir é um modelo viável de atuação em marketing político digital.
Construir uma infraestrutura digital sólida a longo prazo. Os canais como Facebook, Instagram, site, não se populam da noite pro dia, nem com um caminhão de dinheiro. Gerar interesse em volta da persona política é um desafio diário.
Compreenda que mesmo a melhor das estratégias vai receber mudanças no decorrer do tempo.
Não despreze nenhum canal de marketing. Muitas vezes um canal vazio vai te dar o estofo para ser melhor ranqueado pelo Google.
Em campanhas digitais nunca superestime sua popularidade da vida pessoal.
A geração de conteúdo interessante é uma tarefa diária.
Lembre-se de que o TSE pode ajudar ou atrapalhar seus planos. Em 2018 foi um misto, se por um lado liberaram impulsionamentos durante a campanha, por outro, publicaram regras que levavam a interpretacões dúbias.
As plataformas também podem exigir manobras intelectuais para que o resultado seja efetivo. Um 2018 uma regras do TSE e uma mudança no Facebook exigindo que as contas fossem certificadas chegou a atrasar em duas semanas quem já estava trabalhando as redes, imagine com a campanha tardias? Estrago geral.
Esqueça o clichê demagogo e o discurso pronto. As redes sociais politizaram muito as pessoas em todas as camadas sociais, o discurso repetitivo joga contra as campanhas.
Só o tempo você consegue enxergar um público alvo preciso. Os tempos em que se fazia mera propaganda para todos a fim de reter uma parte já passou, daqui pra frente a regra é “targeting”, acertar o alvo.
Uma ação que não expira com o tempo: o marketing de conteúdo
A candidatura pode adotar certas bandeiras e estas podem mudar oportunamente. O importante é saber construir um discurso consistente ao longo do tempo e o conteúdo é o caminho para isto.
O que for produzido em vídeo, fotos, textos, oportunidades de infográfico, oportunidades de mostrar autoridade sobre determinado assunto com cases e exemplos, tudo isto é o que constrói uma marca através dos tempos. A mesma lei da publicidade passa a valer para os candidatos.
Tenha uma cara, estabeleça uma marca, crie uma relação com o público
Marcas tem logo, cor, inspiram algo, criam laços com seus consumidores e assim deve ser uma campanha política.
Esqueça a estética vigente de sempre de usar as cores do partido e as frases prontas.
Estabeleça a sua marca e carregue-a pelo maior tempo possível. Isto cria empatia com as pessoas que você engajar ao longo do tempo, uma ligação direta.
Tenha juízo do valor
Uma campanha não é graça. Parece óbvio mas assistimos ao longo dos anos todos os tipos de propostas, desde o “barato demais pra ser verdade” até o “façamos um acordo para eu te pagar depois de eleito”. Perdemos facilmente um cliente político quando ele não enxerga claramente o valor de seu investimento.
Trabalhar o marketing digital em estilo profissional requer muito conhecimento, senso analítico apurado, arte, estratégia, investimentos direto nas plataformas. Resumidamente consome muito tempo e exige muito conhecimento.
Por outro lado, talvez não haja profissão em que não seja exigido absolutamente nenhuma formação e ofereça salários de carreira acima de muitas profissões do mercado que requerem qualificação. Isso fora a estabilidade notável! Um político só perde o mandato em caso de crime julgado em última instância.
Mesmo o salário de um vereador, dependendo da cidade, é muitas vezes acima do mercado para o mesmo volume de trabalho.
Não adianta aparecer com as artes prontas dos santinhos só para publicar nas redes sociais, Marketing Político Digital não é isso. Nas eleições de 2018 usaram muito, as pessoas não tem mais paciência pra isso.
Embora nas últimas eleições não tenhamos percebido rejeição dos conteúdos políticos como era esperado, tivemos casos de candidatos que fizeram tudo corretamente e não se elegeram, apesar dos números formidáveis construídos em suas redes durante longos meses. O que queremos dizer com isso é que as outras ferramentas políticas ainda convertem muitos votos e não há nenhum estudo ou tendência que aponte hegemonia do digital nas próximas eleições.