Nós já publicamos um texto aqui sobre marketing político digital abordando as principais lições aprendidas com as eleições de 2018 no universo do digital.
A saga continua e esta semana foi a vez de ouvir a voz de outros especialistas, mentores de centenas de campanhas, candidaturas majoritárias, vencedoras e derrotadas também.
Estivemos no evento da Digitalks sobre as eleições de 2018. Um evento onde promoveram uma espécie de “rescaldo” do marketing político digital com um casting estrelado de especialistas. Como apoiadores locais, a Agência Trampo esteve por lá, temos sede de coletar outras experiências na área tão escassa de profissionais com boa base técnica.
A consolidação das ferramentas
Descontado nossos atrasos, pudemos concordar plenamente com Moriael Paiva, publicitário com 20 anos de marketing político. Ele traçou um interessante esboço histórico da atividade dos brasileiros na internet desde 2002 e chegou a uma conclusão que nos agradou muito: em todo esse tempo, nas eleições de 2018 foi onde consolidou-se o setup de ferramentas de marketing digital úteis em campanhas políticas. Ou seja, hoje tem-se o leque de boas práticas de como atuar para colher bons resultados.
Unanimidade entre os especialistas a fórmula QUANTO MAIS TEMPO, MAIOR A TAXA DE SUCESSO em uma campanha eleitoral teve o aval irrestrito de todos.
Também apontou um questão que chegamos a abordar em nosso blog, amplamente difundida: o marketeiro de campanha perdeu muito de suas funções e o estrategista digital assume papel cada vez mais relevante. Ele foi além, falando da horizontalidade da estratégia, onde o marketeiro, o estrategista, o jurídico, o staff operacional, sentam juntos para traçar os rumos de uma boa campanha. Achei sensato.
Aspectos jurídicos
A legislação eleitoral, embora tenha oferecido algumas aberturas interessantes, ainda esbanjou imaturidade nas eleições de 2018. Criaram regras que não poderiam fiscalizar, com isso, houve alta taxa de crimes eleitorais impunes.
Deixemos esta questão para ser discutida a cada eleição, posto que as leis mudam como as nuvens em dias de ventania.
O lado acadêmico
É nas universidades e no dorso das grandes campanhas que ocorrem as observações mais sutis e comportamentais. Mônica Sodré da RAPS trouxe à luz a descrédito que a sociedade apresenta sobre as próprias escolhas. A sociedade confia no que não escolhe e desconfia do que escolhe. Isso traz um um insight brilhante: – Nós como estrategistas, devemos escolher por eles e apresentá-los bons caminhos.
O craque Paulo de Tarso, da Tarso Estratégia, veterano de campanhas desde 1982 trouxe à tona o poder regulador da sociedade. Os cidadãos deve ser informados sobre como agir diante da informação eleitoral criminosa, ele deve ser o fiscal daquilo que as instituições não conseguem regulamentar corretamente, por exemplo, o WhatsApp.
Paulo Gondo, pós doc em comunicação, abordou os aspectos positivos e negativos da superexposição. Certos movimentos digitais políticos, que tomaram o protagonismo da grande mudança recente, podem não se sustentar diante da superexposição. Disse uma grande verdade: – Saber tudo sobre a ferramenta do momento não forma um grande profissional. O raciocínio sobre a melhor estratégia deve ser constante. De 2 anos em 2 anos deve haver uma revisão de métodos, pois é o tempo das mudanças da tecnologia.
O elo perdido da comunicação eleitoral
Muito se fala sobre ferramentas, estratégias, métricas, big data, conteúdo propositivo, SEO. No entanto sinto uma lacuna onde ninguém fala sobre CONTEÚDO X FORMA.
Parece que ainda passa despercebido que a estética amadora tem obtido grandes resultados em engajamento. É como se a “audiência de smartphone” tivesse adotado os memes toscos, vídeos caseiros e outros padrões estéticos sem tratamento profissional como uma referência de boa comunicação e assim absorve e dá maior alcance, em detrimento dos vídeos ditos profissionais e imagens trabalhadas sob rígidos padrões de design. No marketing político digital entrou em vigor a estética do anti-estético.
Além da mensagem propositiva, é necessário altas doses de verdade na forma como entregamos as mensagens políticas.
E como bem apontou o Moriael, tudo deve ser devidamente legendado. A nova TV – os smartphone – é um lugar onde todo mundo assiste e ninguém ouve.